quarta-feira, 20 de julho de 2022

Verdades e mentiras que fazem história

 

Tem muita gente que não conhece a história da fábrica de papel que o ex-prefeito Koite Dodo começou a construir no Rio Alívio. As bases de concreto ainda estão lá, em ruínas, abandonadas.
Em entrevista para o professor Laércio Souto Maior, Rudy Alvarez disse que seu adversário político nos anos 60, o farmacêutico Ivo Muller, espalhou boatos de que a barragem da usina elétrica no rio Alívio iria ruir por deficiência de construção. Tal conversa teria se originado porque a candidatura a prefeito de Rudy teria crescido muito, me contou o ex-prefeito numa longa entrevista, em 2007. A verdade é que Rudy se elegeu e a barragem está segurando águas do rio até hoje.
Outra polêmica é sobre os jagunços que rondavam a região. Rudy me garantiu que os homens a quem se chamou de jagunços eram apenas “guardas florestais”, que “guardavam” as propriedades em colonização, e que nunca mataram ninguém. Por outro lado, a história de um tal pistoleiro “Ferreirinha” é comentada até hoje.
O jornal O Paraná, em outubro de 1980, publicou em tom de deboche: “Assis Chateaubriand é mesmo uma cidade fadada ao anedotário nacional, apresentando a cada dia, novos e mitológicos fatos para reforçar o já rico folclore do oeste”. A menção se devia a dois fatos que realmente viraram piadas, de nível nacional. Já como repórter de rádio, tive a oportunidade de acompanhar e relatar aos ouvintes da época as duas histórias. A primeira foi a suposta aparição de uma santa milagrosa no Patrimônio Nice e a outra, o encontro da “mãe” da apresentadora Hebe Carmargo, que “vivia” num casebre, no Distrito de Encantado D'Oeste. Os dois casos eram mentiras. A família das garotas que diziam ver a santa confessou que era mentira e, Hebe Camargo fez questão de mostrar que a verdadeira mãe dela nada tinha a ver com a senhora do Paraná.
“O Paraná” também citou Assis Chateaubriand por uma grande polêmica que se fez em torno do desmembramento do entreposto da Coopervale, em 1986. O que não se efetivou, apesar da movimentação de alguns agricultores e políticos da época.
Dois outros assuntos também abordados na mesma edição de O Paraná fazem parte da lista de fatos pitorescos, para não dizer lamentáveis. Um, é a fábrica de papel abandonada no auge da fabricação de celulose, e o cinema que nunca inaugurou, na Praça Nossa Senhora do Carmo. As duas obras mantém seus esqueletos a céu aberto.
Muitos se lembram da história de uma tal fábrica de óleo de soja, a Pacaembu, que deveria ter sido instalada em Assis, mas foi para Cascavel. Dizem que, por falta de apoio político. Será verdade?
Outros mistérios povoam a imaginação dos mais antigos, como os incêndios da Rodoviária, na Avenida Irene Monarim, e da Câmara Municipal, no antigo prédio de madeira que queimou todo.
Vez por outra, alguém ressuscita uma velha piadinha que tomou proporções indigestas sobre a vida da cidade, no final do anos 80, quando Assis Chateaubriand foi apelidada de “cidade da latinha”. A menção fazia gozação sobre as empresas que tinham ido embora do município, num trocadilho com o verbo ‘ter’, “lá tinha as lojas HM, lá tinha Arapuã, lá tinha os bancos Noroeste, Real, Unibanco, lá tinha a Receita Federal, lá tinha a Receita Estadual, lá tinha fábricas de papel e de palmitos, lá tinha seis hospitais, lá tinha 130 mil habitantes” e por aí afora. Lamentavelmente é tudo verdade, tinha mesmo. Mas muitas empresas novas vieram e as que sobreviveram ao tempo ficaram firmes e sólidas, mantendo o pólo comercial da região.
Quem sabe, com a vinda da Frimesa a história se encarregue de apagar as memórias de latinha.
///// Por Clóvis de Almeida - 2009/2022 /////
Foto - Entrada do túnel abandonado nas margens do Rio Alívio.
Ele tem 100 metros de extensão, todo feito em ferro e concreto. Seria a base de uma fábrica de papel, que funcionou até 1977

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