O rádio como conhecemos hoje continua em ritmo de queda. A tendência é desaparecer a forma de como a comunicação radiofônica é feita dentro de pouco tempo. A diminuição do dinamismo de locução é o primeiro sintoma de extinção de um estilo que começou nos anos 40, sofreu diversas mudanças com desculpas de modernidade, mas que preserva praticamente os mesmos moldes, até hoje.
A informação tem base nos gostos, costumes e cultura dos
jovens de hoje, que, a cada geração, se distancia ainda mais do modelo de fazer
rádio que embalava a juventude dos anos 60, 70 e 80. Não se ouve mais rádio
como antigamente. No passado, a patroa ouvia rádio no radinho da empregada,
segundo elas. Hoje, a mesma patroa assiste à televisão que fica na cozinha ou
até mesmo na lavanderia. O locutor com voz de veludo já não engrossa o papo
mais, dando lugar ao programa matinal na TV, ou às presepadas dos programas de
fofoca televisivos. O rádio não tem mais vozeirão, o que se chamava de voz
padrão, com raras exceções. Hoje, qualquer voz serve. Até as vozes femininas, que
eram escolhidas pela firmeza de pronúncia, hoje são substituídas por alguém que
só sabe ler o nome de músicas e receitas de bolos.
Se na imagem um rosto bonito é mais atraente do que uma cara
feia, uma voz comum sempre será uma voz menos valorizada que um vozeirão. Qual
você prefere para a narração de um vídeo, a voz de um Cid Moreira ou o nhe nhe
nhein de um zé mané com voz de pato? (com o respeito que o pato merece)
Raramente alguém dá bola para o horóscopo, pois o que era
algo interessante para muitos, hoje é só uma bobagem para a maioria. Na
verdade, sempre foi bobagem, mas havia público que dava até lucro em razão das
previsões astrológicas diárias. Cheguei a ter patrocinador exclusivo para ler
horóscopo que eu recortava de jornais velhos, porque a edição do dia só chegava
quando o programa tinha terminado. E ai de mim se esquece de falar de um signo!
As emissoras de rádio estão rebolando e se virando nos 30 para
manter a audiência, enquanto que nos anos 70, nove a cada 10 pessoas ouvia
rádio o dia inteiro. Os locutores eram considerados “artistas” e davam
autógrafo. Hoje, os programadores são uma maioria de anônimos e grande parte dos
adolescentes nem sabe que eles existem.
No interior, a preocupação é menor, pois o mercado ainda
investe muito na programação do rádio. Mas é um fôlego que também tem tempo
contado, pois, as crianças do interior também crescem com um celular que toca
só o que elas querem ouvir. Se esses são o futuro, o que será do rádio daqui a
20 anos?
A maior autoridade em rádio no Brasil é o professor, jornalista e radialista Heródoto Barbeiro. Segundo ele, abre aspas, “quando todas as emissoras estiverem em FM, a competição vai aumentar e pode chegar ao canibalismo. [uma comendo as outras]”. Já está ocorrendo isso. Tem emissora de rádio vendendo comerciais quase de graça.
O maior erro que já fez em rádio no Brasil foi passar
as rádios AM para FM. Não havia necessidade disso. Se bem que, rádio é rádio,
independente de frequência. Mas acabou um diferencial que mantinha uma cultura
de ouvintes.
Agora, tá mundo em FM, buscando espaços que já não se
dividem entre si, mas numa disputa com o Youtube, Instagram, Tik Tok, Facebook
e outros canais de informação, onde a imagem prova todo dia que vale mais do
que mil palavras.
Darwin já dizia que os que sobrevivem não são os mais
fortes, mas os que se adaptam. Quem não se adaptar vai morrer.
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