O velho golpe do boleto falso enviado pelos Correios não acabou, além de contar com a versão moderna, enviada por e-mail, na internet. A insistência dessa prática, aparentemente ingênua, prossegue por dois motivos: a falta de organização dentro de empresas ou a inexperiência de quem as recebe. Quando não há um controle do que realmente se deve, uma continha de poucos reais é paga para “evitar” aborrecimentos. Como, de grão em grão a galinha enche o papo, no fim de um dia muita gente paga o que não deve, engordando assim a conta dos pilantras que vivem desses golpes.
Muita gente se pergunta, como é que ainda há quem caia em contos tão simples? A resposta tem a mesma simplicidade: falta de atenção. Um conhecido caso, tido como piada, realmente ocorreu, quando uma senhora estava quase depositando dinheiro na conta dos sequestradores de sua filha, quando se lembrou que nem filha tinha, tamanho eram os argumentos dos bandidos.
Todos os dias tem gente chorando depois que descobre ter colocado créditos de celular na conta de criminosos, pensando estar ajudando um parente que ligou pedindo ajuda para consertar o carro quebrado na estrada. Quase todo dia alguém ainda cai no conto do bilhete premiado. Toda hora tem milhares de pessoas replicando postagens das redes sociais com informações falsas. Uma hora é um rosto de pessoa abandonada em hospital, outra é de uma criança perdida. São centenas de bobagens repetidas por quem se emociona com a primeira impressão do que vê, sem nem ao menos se dar conta que pode estar ajudando a replicar um crime. Isso tudo é falta de atenção, que também atende pelo nome de ingenuidade.
Uma frase antiga do rádio não exagera quando diz que otário “raleia”, mas não acaba.
Mas, como ficar atento o tempo todo? É quase impossível viver no mundo de hoje sem ser otário pelo menos um pouquinho. É um universo de informações que nos chega o tempo todo, misturadas aos meios antigos, como do vendedor que nos bate à porta com um jogo de panelas, para nos surpreender com a voz de assalto. Não há mais segurança nem no simples abrir de uma cartinha, pois lá está a cobrança que vai nos levar ao protesto. Só depois de pagar é que nos damos conta de que nunca compramos na loja que nos enviou a conta.
Vovô dizia que o mundo é dos espertos. Mas é que ele era contaminado pela lei de Gérson, aquela que pregava levar vantagem em tudo. Um erro! O mundo é dos justos, a esperteza tem sempre seu preço: mais dia, menos dia, a conta chega, e não será cobrança falsa.
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