sábado, 5 de março de 2022

O rádio vai morrer

 O rádio como conhecemos hoje continua em ritmo de queda. A tendência é desaparecer a forma de como a comunicação radiofônica é feita dentro de pouco tempo. A diminuição do dinamismo de locução é o primeiro sintoma de extinção de um estilo que começou nos anos 40, sofreu diversas mudanças com desculpas de modernidade, mas que preserva praticamente os mesmos moldes, até hoje.

A informação tem base nos gostos, costumes e cultura dos jovens de hoje, que, a cada geração, se distancia ainda mais do modelo de fazer rádio que embalava a juventude dos anos 70 e 80. Não se ouve mais rádio como antigamente. No passado, a patroa ouvia rádio no radinho da empregada, segundo elas. Hoje, a mesma patroa assiste à televisão que fica na cozinha ou até mesmo na lavanderia. O locutor com voz de veludo já não engrossa o papo mais, dando lugar ao programa da Fátima na TV, ou às presepadas da Cristina Rocha nas tardes do SBT. Raramente alguém dá bola para o horóscopo, pois o que era algo interessante para muitos, hoje é só uma bobagem para a maioria. Na verdade, sempre foi bobagem, mas havia público que dava até lucro em razão das previsões astrológicas diárias. Cheguei a ter patrocinador exclusivo para ler horóscopo que eu recortava de jornais velhos, porque a edição do dia só chegava quando o programa tinha terminado. E ai de mim se esquece de falar de um signo!

As emissoras de rádio estão rebolando e virando os 30 no esforço para manter a audiência, enquanto que nos anos 70, nove a cada 10 pessoas ouvia rádio o dia inteiro. Os locutores eram considerados “artistas” e davam autógrafo. Hoje, os programadores são uma maioria de anônimos e grande parte dos adolescentes nem sabem que eles existem.

No interior, a preocupação é menor, pois o mercado ainda investe muito na programação do rádio. Mas é um fôlego que também tem tempo contado, pois as crianças do interior também crescem com um celular que toca só o que elas querem ouvir. Se esses são o futuro, o que será do rádio daqui a 20 anos?

A maior autoridade em rádio no Brasil é o professor, jornalista e radialista Heródoto Barbeiro. Segundo ele, “quando todas as emissoras estiverem em FM, a competição vai aumentar e pode chegar ao canibalismo. Vale a pena investir em uma tecnologia que já está condenada em alguns países do mundo? Esta é uma reflexão que os radiodifusores brasileiros têm que fazer diante da enxurrada de novas possibilidades de propagação do áudio”.

Darwin já dizia que os que sobrevivem não são os mais fortes, mas os que se adaptam.

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