sábado, 5 de março de 2022

Então tá então

 Um ditado afirma que ninguém sente falta do que nunca teve. É a mais perfeita verdade, porque não dá para sentir a ausência de algo que nunca fez parte do corpo, dos costumes, do dia a dia pessoal ou coletivo. Isso serve para justificar porque somos pacientes com a tecnologia tão atrasada que serve o país. Para o brasileiro, de forma geral, é normal um telefone celular que não “pega” em diversos lugares, uma conexão cheia de falhas, parecendo dois gagos conversando, ou uma internet mais lenta que tartaruga cansada.

Para alguém que conhece os padrões europeus, asiáticos ou americano da rede mundial de computadores, é inconcebível que em 2022 ainda tenhamos por aqui uma comunicação desse tipo com tamanho atraso.

Quando se pensa em reclamar, logo vem a pergunta: para quem? A maior parte do país não conta com banda larga de internet, as razões alegadas pelas empresas de telefonia é sempre a mesma, “não tem porta”.

Uma desculpa para que tenhamos tantos serviços mal prestados é a de que somos servidos por empresas estrangeiras, mas isso não pode servir de consolo, pois em outros países elas atuam dentro dos compromissos assumidos. O que falta por aqui é cobrança veemente por parte das autoridades responsáveis por fiscalizar. Mas quando se ouve, a cada dia, mais e mais denúncias de corrupção em todos os segmentos desse país, fica-se a pensar se não há maracutaia nas comunicações também.

Tem pessoas esperando internet em casa há anos, ouvindo sempre a mesma resposta de que não há suporte técnico. As explicações variam, mas a causa é uma só: quando não há demanda, não há interesse, pois nenhuma empresa vai instalar cabos em uma rua para atender a um só consumidor. Isso é óbvio, mas, quando se trata de contrato mal feito.

Se o Brasil exigisse mais na hora de permitir as explorações de serviços, teríamos internet, redes de água e energia até nos confins dos extremos do interior. Mas, infelizmente, não é assim que funciona, governa-se para poucos quando o assunto é periferia.

Desde que essa nação foi formada que pobre é assunto para depois do jantar, quando não há nada mais fútil para conversar, como se a grande população de eternos humilhados se contentasse com a velha história do pão e circo. Nos tempos modernos criaram algumas “coisinhas” para remediar, como, um serviço público de saúde que é uma lástima ainda na maioria das cidades.

As casas populares que o indivíduo morre pagando é outro ícone ostentado como grande conquista. O pobre festeja uma “sonhada casa própria”, enquanto o poder bate no peito como grande feito. O que se considera uma conquista de ambas as partes bem poderia ser algo melhor do que um terreno minúsculo, com uma casa ou apartamento que mais parece morada de pombos. Se fôssemos um país de poucas terras, mas temos dimensão continental e os municípios são enormes, por menores que sejam.

Mas, como diria vovó, ruim com isso, pior sem isso, ou, é melhor pingar do que secar. É por causa desses consolos que o Brasil continuará por muito tempo vivendo num pensamento medieval, onde todos sabem que podem, mas se consolam nos seus quadrados, votando sempre nos mesmos, com medo de que as tetas sequem, sem coragem de ver o que há no fim do túnel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário