Não resta a menor dúvida que a instalação de câmeras de segurança em pontos estratégicos de uma cidade é uma ferramenta importante no combate ao crime. Porém, já ficou provado que o uso delas sem monitoramento ou com número de policiais insuficientes para atender aos flagrantes não adiantam muita coisa. Em todos os lugares em que foram instaladas, chegou-se à conclusão de que o crime diminui no local para migrar para outros pontos, porque é impossível cobrir uma cidade inteira com os “olhos” eletrônicos.
O que há na maioria das cidades onde câmeras foram instaladas é o mesmo que ocorre com a gravação em vídeo dentro de um banco: assiste-se ao crime e depois se utiliza a gravação para investigar a identidade do criminoso. Como quase sempre o bandido está de capacete ou máscara, a maioria dos roubos, assaltos e assassinatos ficam sem resposta, sobrando apenas um “reality-show” da bandidagem, onde o cidadão tem sua história gravada como recordação de um infortúnio.
As estatísticas não deixam dúvidas de que, com câmeras ou sem elas, o número de crimes só aumenta no país inteiro, chegando até aos mais pacatos vilarejos.
Quanto mais instrumentos de combate à violência, melhor, mas ninguém duvida de que o melhor investimento que se faz nesta área é no próprio ser humano, aumentando o número de policiais nas ruas, dando lhes os aparatos necessários, pois tem bandido com canhões nas mãos, enquanto muito policial tem apenas um revólver velho, enferrujado.
O bandido teme uma viatura de polícia em ronda ou mesmo parada numa esquina. Já das câmeras, faz pouco caso e até dá “tiauzinho”, como um assaltante que baleou um idoso dentro de um ônibus em Curitiba, de cara limpa. Após a barbárie, pegou os pertences de todos os passageiros e mandou um beijo para a câmera que o filmava, instalada dentro do veículo. A polícia chegou até ele, dias mais tarde, mas ele já havia gasto o dinheiro roubado, queimou os documentos das vítimas e o idoso morreu.
Por tudo isso e muito mais, o melhor investimento, insiste-se, é a prevenção. O mal se corta pela raiz. E isso só é possível com mais homens, mais viaturas, mais armas. E nas ruas, 24 horas!
Em tempo: em muitas cidades a legalidade do uso de câmeras nas ruas está sendo discutida. Alguns juristas entendem que a medida “afronta o direito líquido e certo do cidadão à privacidade, à intimidade e à honra, previstos no artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, sendo, portanto, inconstitucional”. Diz o inciso “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
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