Trago hoje um recorte muito interessante publicado em uma edição do jornal ‘O Clarim Chateaubriandense’, de março de 1974. É a publicação dos horários de ônibus que a Viação Umuarama mantinha naquela época. A quantidade de veículos que partia de Assis Chateaubriand para outros destinos justificava os mais de 140 mil habitantes que o município possuía. Você pode até não acreditar, mas, só a Viação Umuarama mantinha mais de 50 horários diários de ônibus (havia ainda os da Expresso Nordeste, com quase o mesmo tanto de partidas).
A cada 20 minutos partia um ônibus para distritos e
municípios vizinhos ou distantes, se iniciando às 6 horas da manhã e fechando o
dia às 23 horas, com a última partida.
Na lista de horários publicada no jornal, figuram os
destinos dos ônibus com seus respectivos horários, deixando transparecer o
grande movimento que ligava o comércio de Assis Chateaubriand com o interior do
município e outras localidades, como Cascavel, Umuarama, Palotina, Alto Piquiri,
Terra Roxa, Guaíra, Iporã e Toledo, onde distritos e patrimônios listam também.
Palmitolândia, Cidade JS (assim era chamado), Via Cruz do Sul, Brasilândia
(ainda distrito de Umuarama), Bucalão, Ouro Preto, Ouro Verde, Tupãssi, Via
Pimenta, Ramal Luar, Ramal 247, São Pedro, Bragantina, Linha Seca, Cidade Nice
e Ercilândia.
Os distritos de Encantado do Oeste, Terra Nova e Engenheiro Azaury não eram atendidos pela Viação Umuarama, mas pela Expresso Nordeste, assim como o município de Nova Aurora, Cafelândia, Formosa do Oeste e os então distritos de Jesuítas e Iracema do Oeste.
A cidade era um formigueiro de gente que se apinhava para
tomar os ônibus na rodoviária e nos diversos pontos de parada. Um movimento que
fazia girar muito dinheiro, que começava nos bares de chegada com a venda de
salgados, frutas e bebidas. Nos horários de partidas eram a mesma coisa.
Gente com pacotes de roupas, sacos com mantimentos e toda
sorte de compras feitas nas lojas da cidade.
Era muito comum viajar nos ônibus ao lado de gente
carregando litros de leite, potes de manteiga, sacos com linguiça, mandioca ou
milho verde. Eram produtos da roça que seriam vendidos na cidade. Alguns
traziam até porcos e galinhas já limpos.
Uma das coisas que mais me chamava a atenção era o alicate
do cobrador que perfurava as passagens. Não sei porque, mas eu sempre quis ter
uma daqueles.
Era um povo feliz que não se incomodava em viajar em pé nas
jardineiras lotadas e nem com aperto que se fazia entre passageiros. “Mais um
passinho pra trás!”, dizia o cobrador quando ia subir mais um. Como, se já não
havia mais o que apertar?
E assim iam os ônibus que traziam e levavam pessoas e suas
esperanças nos caminhos poeirentos do sertão paranaense.
Ao contrário da frase famosa que afirma que a gente era
feliz e não sabia, eu garanto que eu era feliz e tinha conhecimento disso.
//// Por Clóvis de Almeida, 2022 ////



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