— O som nasce aqui, e vai subindo, subindo, bate na camada
de ozônio e desce, desce, até o seu rádio pra chegar no seu ouvido. Está no ar
o Satélite Show!
Boa tarde! Boa tarde pra você de perto, boa tarde pra você
de longe.
Boa tarde a mamãe, ao papai, às vovós e a vocês, crianças.
Que seja mesmo uma boa tarde, melhor que a de ontem, mas não
melhor que a de manhã, porque cada dia é sempre um novo dia.
Está começando mais uma tarde de comunicação e sucesso. Nós
e vocês, vocês e nós, juntos no ar, no até saliteshow.
Sonoplastia do programa é de...
Em seguida, eu dava a ficha técnica, sonoplasta,
discotecário, gerente, diretor da rádio, operador de transmissor e até da
senhora do cafezinho.
Não vou dizer nomes para não esquecer ninguém. Todos foram
importantes no sucesso que fizemos durante muitos anos...
Naquela época, a gente usava muito eco na voz. Quando eu
dizia: No ar, o satélite show, o operador, o sonoplasta abria o volume de
retorno de um gravador de rolo que fazia eco. E aí ficava, show show show.
Tinha muito fundo musical, sempre com musica animada, que na
época eram as discoteques que ditavam o ritmo das música que tocavam no rádio,
na televisão e nas casas dançantes. Isso dava um ritmo muito legal. Era como
uma pinga pra animar. Uma pilha, uma ligada em 220.
A gente podia até estar triste com alguma merda que a vida
sempre nos reserva, mas chegava naquela hora, esquecia tudo... O fone de ouvido
mel ligava no ouvinte. Isso fazia com que as participações por telefone me
colocasse pertinho dele, ou dela. Era como se estivéssemos numa festa, todo
mundo alegra alegre e feliz. Era como hoje no Facebook, onde todo mundo vive
uma felicidade eterna, ninguém deve nada, não há conta pra pagar e ninguém é
feio. Não havia Facebook nem Instagram, mas o rádio pintava um mundo colorido
para espantar as tristezas de quem ouvia e de quem fazia o rádio.
A gente falava de tudo. Eu sempre cumprimentava o ouvinte na
abertura do programa com uma alegria que nem sei de onde tirava. Só sei que era
sincero, mesmo que estivesse triste.
Tenho um orgulho muito grande de ter usado uma nova maneira
de atender o ouvinte ao vivo. Não sei se eu fui o primeiro, só sei que as
rádios que a gente ouvia na época, inclusive as grandes rádios, atendia o
ouvinte no telefone no ar, perguntando: Alô, quem fala? Eu achava aquilo
ridículo, pois o locutor já sabia com ia falar, porque ele falava com o ouvinte
antes, ou era informado por um atendente antes dele, que já tinha anotado nome,
de onde falava e a música que o ouvinte ia pedir. Então, eu achava uma
besteira, falsidade até, perguntar quem estava falando, já que eu sabia quem
era. Normalmente eram as mesmas pessoas todos os dias, variava um pouco, mas
quando eu atendi a ligação, reconhecia o ouvinte pela voz.
Eu mudei aquilo. Não perguntava quem era, como já estava
combinado, eu ia direto: Agora eu vou falar com a minha ouvinte maria, lá do
bairro x, alô maria, como vai sua tia! Plagiando o Chacrinha, eu sempre fazia
uma rima. E eu não tinha que perguntar que música você quer ouvir, ou como
dizem até hoje, qual é a música, sendo que o pedido já está pronto pra ligar
play. Eu simplesmente dizia: a música vai pra quem? Quando o ouvinte dizia: ah,
quero mudar a música que eu pedi. Eu dava o troco na hora: muda amanhã, que a
de hoje já tá rodando. E soltava a música - Era só risada e nunca nenhum
ouvinte brigou comigo por causa disso.

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