sábado, 5 de março de 2022

Faça o teste do pescoço

 Nunca esteve tão em voga discutir o racismo. O brasileiro sempre se gabou de ser um povo miscigenado e que, por isso, se dá muito bem nos relacionamentos de entre raças. Pura mentira, pois o brasileiro é racista e preconceituoso até na alma, desde sempre. E não é só nas frases conhecidas, como chamar um negro de “preto de alma branca”, mas nos simples gestos que se pratica na presença de alguém diferente.

É muito comum ver pessoas que não escondem um certo mal estar ao chegar perto de deficientes físicos ou alguém diferente de sua cor. E isso está impregnado em gente de todo as raças, pois há racismo e preconceito em todas as linhas, de branco para preto, de preto para branco, e entre si, de todas as formas, incluindo outras raças e diferenças físicas.

As pessoas com problemas físicos aparentes são as mais discriminadas. Outro dia, numa conversa entre passageiros de ônibus, uma mulher disse dar graças a Deus por não ser negra nem aleijada. Esse é o perfil de uma mente que não consegue avaliar um mínimo problema social à sua volta, muito menos perceber que sua condição não é melhor do que ninguém.

Todo mundo tem um pouco de racista e preconceituoso. Se você não tem, parabéns, mas faça o “teste do pescoço” de Luh de Souza e Francisco Antero:

01 - Meta o pescoço dentro das joalherias e conte quantos negros são balconistas.

02 - Vá em qualquer escolas particular, espiche o pescoço pra dentro das salas e conte quantos alunos negros há . Aproveite, conte quantos professores são negros e quantos estão varrendo o chão.

03 - Vá em hospitais, enfie o pescoço nos quartos e conte quantos pacientes são negros, meta o pescoço e conte quantos negros médicos há, e aproveite para meter o pescoço nos corredores e conte quantos negros limpam o chão.

04 - Quando der uma volta num Shopping, ou no centro comercial de sua cidade, gire o pescoço para as vitrines e conte quantos manequins de loja representam a etnia negra consumidora. Enfie o pescoço nas revistas de moda, nos comerciais de televisão, e conte quantos modelos negros fazem publicidade de perfumes, carros, viagens, vestuários e etc.

05 - Vá às universidades públicas, enfie o pescoço adentro e conte quantos negros há por lá: professores, alunos e serviçais.

06 - Espiche o pescoço numa reunião dos partidos políticos e conte quantos políticos são negros. Vá na Câmara Municipal e veja quantos vereadores são negros. Vá na Prefeitura, nos bancos e confira quantos negros há trabalhando.

07 - Meta o pescoço nas cadeias, nos orfanatos, nas casas de correção para menores, conte quantos são brancos, é mais fácil.

08 - Gire o pescoço e procure quantas empregadas domésticas, serviçais, faxineiros, favelados e mendigos são de etnia branca. Depois pergunte-se, qual a causa dos descendentes de europeus, ou orientais, não são vistos embaixo das pontes ou em favelas ou na mendicância ou varrendo o chão.

09 - Espiche bem o pescoço na hora do Globo Rural e conte quantos fazendeiros são negros, depois tire a conclusão de quantos são sem-terra, quantos são sem-teto. No Globo Pequenas Empresas& Grandes Negócios, quantos empresários são negros?

10 – Entre todos os locais citados, em quantos deles há deficientes físicos com oportunidade de trabalho?

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