sábado, 5 de março de 2022

O erro na justiça da raiva

 Na hora da raiva o ser humano faz coisas que nem ele sabia que era capaz de fazer. Um ato sofrido de violência é muitas vezes respondido com uma ainda maior força bruta, dada à situação emocional que extrapola todo e qualquer controle animal que cada um tem. Quando o atingido é uma criança da família ou da comunidade, a resposta à violência pode explodir ainda com mais impacto, na maioria das vezes em grupo, buscando fazer o que se acredita ser lei, impetrando no acusado o “olho por olho”, seguida das mais torpes formas de violência. Nessas ocasiões, julga-se, condena-se e executa-se o “réu” com as mais duras penas que encontrarem no ato, ou até que o moribundo não mexa o último músculo.

Tudo isso pode gerar uma falsa sensação de punir um agressor, mas não passa de um ato de vingança cruel, saído de mentes agidas por impulso, utilizando apenas instintos animais que fazem parte do caráter individual ou de grupo, embora seja composto de pessoas consideradas cristãs, passivas e honestas.

Tentem imaginar o que passa pela cabeça de alguém que “fez” ou ajudou a “fazer justiça” com as próprias mãos, ao descobrir mais tarde que o acusado do crime era inocente. Isso ocorre com frequência, no mundo todo.

Um exemplo que fez muita gente refletir na possibilidade da tentativa de punir alguém por conta própria é o caso de uma criança que deu entrada num hospital com suspeita de ter sido estuprada. No momento em que era atendida, a própria família já tinha um suspeito, de dentro de casa, sem nem mesmo saber se houve um ato de agressão à criança.

Para alívio de todos, os médicos informaram que a menina sangrava por uma questão relacionada à falta de higiene, enquanto o suspeito escapava da possibilidade de ser morto num linchamento público, sem nada dever.

Julgar, condenar e matar na lei de pena de morte legal correm o mesmo risco. Sabemos que a justiça dos homens é falha, por mais empenho nas investigações que se tenha. O homem mente, por isso engana o próximo, levado a colocar a enganação no papel, que, por sua vez é frio, calculista, cego e impiedoso. “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: a mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.” Romanos 12:19.

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