Como tudo passa, a euforia dos novos vereadores em apresentar serviço também está passando, em todas as câmaras do Brasil. Já dissemos aqui que é um mexido que todo mundo já conhece quando se iniciam os mandatos, onde o ritual é sempre o mesmo: os novatos se viram nos 30 para apresentar indicações e requerimentos, enquanto os tarimbados e velhos de casa ficam só olhando, como gatos de mercearia, sabedores de onde fica guardado o queijo e por onde saem os ratos.
A comparação não é uma ofensa, pelo contrário. É só um meio de ilustrar um quadro comum, onde os novos não sabem como começar melhor, enquanto os veteranos já sabem que não adianta ir com sede ao pote, pois tudo o que tinha que ser pedido já foi. Só não acontece porque dinheiro é igual cabelo em ovo: não tem.
O que resta, não só para os iniciantes na vereança, mas também aos “experimentados”, é a velha e boa criatividade, coisa rara que poucos têm, pois se fosse comum, esse país era uma maravilha.
Essa tal de criatividade existe e não é coisa de Alice, aquela do país maravilhoso, mas sim de quem usa a imaginação para diversificar a forma de servir, já que todo mundo fala que tudo já foi tentado. Usar o poder criativo não significa fazer tudo inédito, mas também copiar o que fazem por aí. É o caso de alguns vereadores de alguns municípios do interior que estão investindo em fazer reuniões nos bairros e distritos, em casas de famílias, no antigo estilo das reuniões para a Reza do Terço.
Depois das orações de praxe, o parlamentar desfia seu rosário de “palavrórios”, prestando contas do que já tentou fazer e do que tem na mala para os próximos meses. No fim da conversa, ele convida todos a participarem da próxima sessão da câmara e promete uma van para levar os convidados. Quem viu garante que funciona.
Muitos vão dizer que isso é bobagem e que é não novidade.
É e não é. Pode não ser novidade, mas bobagem não é não. Bobagem é esperar as segundas-feiras chegarem sem fazer nada, sentar na cadeira efêmera e fazer ares de “otoridade”, como se nada tivesse fim. Bobagem é bater na mesma tecla de um piano afinado para uma música só, aquela cujas notas são os mesmos pedidos, que todo mundo sabe que só serão atendidos quando tiver dinheiro na Prefeitura, ou quando o prefeito quiser, dependendo se ele vai ou não com a cara do edil. Bobagem é achar que tudo que sai fora do que os olhos conseguem ver é bobagem. Bobagem é viver das mesmas bobagens que colocaram no esquecimento uma boa pá de gente que se achava esperta.
O pensamento português já garantiu que o tempo é o senhor da razão, e, diante disso, podemos dizer que só o tempo mostra o que é bobagem
Nenhum comentário:
Postar um comentário