Barata se lambuza quando acha um doce. O ditado velho, sábio e verdadeiro serve para exemplificar qualquer fato que demonstre semelhança quando o homem se depara com algo novo e atraente. É o caso das redes sociais, onde todo mundo escreve o que quer, da forma que quer, sem o medo de que alguém faça objeções sobre nenhum aspecto, seja no campo das ideias, seja na escrita, onde a língua usada quase sempre é chutada, massacrada, reinventada e assassinada, na base do “o que importa é se fazer entender”.
Tudo bem que é importante que as pessoas se comuniquem cada vez mais, porém, não se pode negar que há um risco da banalização da língua escrita e até falada, além do perigo da contaminação para quem já estava no caminho certo, onde muitas pessoas deixam a preocupação em escrever certo para, simplesmente, fazer o que “todo mundo” está fazendo.
Algumas pessoas não instalam, ou desinstalaram o WhatsApp de seus celulares com a afirmação de que estavam “emburrecendo”, ao lerem tanta bobagem, não só na forma escrita, mas nas ideias simplistas, que, muitas, vezes, de tão ingênuas beiram a inocência, quando não, a ignorância.
Já se sabe, há muito tempo, que 80% das pessoas não conseguem entender um texto que acaba de ler, na primeira vez. Desses, 60% ainda não entendem na segunda leitura e 45% desistem na metade da terceira vez que leem o mesmo texto.
Agora, uma nova pesquisa mostra que 80% das pessoas não conseguem definir uma notícia falsa de uma verdadeira, pela incapacidade de raciocinar diversos aspectos, como o absurdo, o jocoso, o impossível e o óbvio. Eis a resposta das razões que levam milhares de pessoas, a cada segundo, a repassarem notícias ou mensagens falsas, chamadas “fakes”, com uma ingenuidade de dar dó. É o caso de uma nota que, de vez em quando, corre as redes sociais, dando conta de que há uma mulher em determinado hospital, que não sabe quem é nem de onde veio, após perder a memória numa queda na calçada da rodoviária. Uma foto ilustra a informação repassada por milhões de pessoas por todo o país, sem as pessoas se darem conta de que tudo não passa de uma brincadeira irresponsável.
É uma comoção geral desnecessária, levada pela tendência que o ser humano tem em ajudar o próximo. Porém, a maioria dos que repassam pedidos de ajuda pelas redes sociais são incapazes de dar um centavo ao mendigo que estende a mão, ao vivo. Assim sendo, a hipocrisia também gosta das luzes da ribalta. Se os pedintes colocassem uma câmera transmitindo do local onde pedem, no chamado tempo real, mais pessoas dariam esmolas e o tradicional tchauzinho para a câmera. Vivemos o tempo onde o negócio, para muitos, é aparecer, nem que seja emburrecendo.
Por Clóvis de Almeida
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