A beleza de uma cidade não se mede por ruas, praças e avenidas bonitas e bem cuidadas, mas, principalmente, pela educação de seu povo. O modo como andam no trânsito, de todas as formas, a pé, de bicicleta ou de carro, são os primeiros sinais de como são os cidadãos. Não é preciso ser especialista em comportamento para saber que os hábitos de uma pessoa são seus reflexos psicológicos, assim sendo, o comportamento de uma sociedade é a fotografia do que ela oferece para os demais indivíduos, quando em separado ou mesmo na coletividade.
Dizem que a educação vem de berço e a escola molda o resto. É uma verdade,
assim como também é verdadeira a afirmação de que quem cospe no chão da cozinha
jamais irá respeitar as ruas alheias.
A sociedade perfeita que todos esperam ainda está muito longe de acontecer,
principalmente nas cidades onde o bairrismo caipira ainda é argumento para se
defender a comunidade. Esse é um pensamento nascido nos povoados medievais,
onde qualquer estranho que viesse era rechaçado no estilingue e nas pontas de
lanças. Uma cultura não muito diferente das ensinadas nas tribos indígenas que
receberam Colombo e Cabral.
Quinhentos e 16 anos depois, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos ancestrais.
As exceções estão em comunidades onde a educação começa na cozinha de casa e
continua lapidada nas escolas, aquelas onde uma criança de três anos de idade é
ensinada a dizer, desde muito cedo, as três frases mágicas: “com licença”, “por
favor” e “muito obrigado”. Essas são as preliminares que antecedem outras de
igual importância, como “posso ajudar?”, “como vai?” e “parabéns!”.
Não é preciso ser escola particular para ensinar bons modos. É preciso ter
profissionais preparados para isso, pois não basta saber brincar com crianças,
é preciso atender as demandas delas. É inconcebível permitir que o
acompanhamento de crianças em escolas seja feito com o que no passado tinha o
nome de babá. A criança de hoje exige pessoas com respostas para o que elas
assistem na televisão, no vídeo game, na internet e nos celulares. A escolha
desses profissionais de apoio aos professores não pode ser na base da simpatia,
mas na experiência. Custa mais caro, mas o futuro não tem preço. Por isso, é
preciso investir na educação, caso contrário, ainda vamos ter que conviver
muitos anos com pedestres mal educados, ciclistas cavalares e motoristas quase
assassinos potenciais. É preciso reconhecer que a grande maioria não comete
infrações por que quer, mas pela simples falta de conhecimento, um buraco
chamado ignorância, onde o único crescimento que admite é o que faz o rabo do
cavalo crescer para baixo.
Enquanto o tal buraco existir, asfalto bonito, praças verdejantes e prédios
lindos não serão suficientes, porque, cheias de mal educados, as cidades
continuarão feias, muito feias.
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