sábado, 4 de junho de 2022

Chocolates e lombrigas

Passei muita vontade de comer esse tal de Galak lá pelos anos 60. Tudo que minha mãe podia comprar era paçoquinha ou uma maria-mole. Eu juntava litros e garrafas vazias para vender e comprar doce. Saia pedindo nas casa, mas em cada uma tinha um moleque fia da puta que fazia o mesmo: "eu tamém tô juntano pra comprar paçoca". Era só o que dava pra comprar. Galak era doce de rico. Além de garrafas, eu juntava lombrigas, de tanta vontade de comer um chocolate daqueles. Eu sonhava com a merda do Galak, chegava a ter febre de tanta lombriga. As garrafas eu vendia, mas as áscaris lumbricoides só saiam à força, de metro.

Quando recebi meu primeiro salário, anos depois, comprei uma dúzia de Galak, sentei debaixo de uma árvore e pensei: agora eu te pego, doce fio duma égua.
Não era o que eu pensava e até hoje odeio Galak.

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