Ninguém nasce do nada e, por menos que tenha significado, o ventre já é uma família, o começo de tudo.
Uma casa construída sobre a areia vai cair com certeza. Ao
contrário, tudo o que cresce sobre bases sólidas tem mais chances de sobreviver
aos vendavais que desviam o ser humano dos caminhos do bom-senso, justiça e
solidariedade. Isso é o básico e todo mundo sabe, ou pelo menos deveria saber.
Vivemos cada vez mais reféns do medo de ser roubado,
assaltado, agredido ou morto. Vivenciamos adolescentes caindo no mundo do
crime, todos os dias. Tentar procurar as raízes dos problemas que afetam nossas
crianças e jovens é chover no molhado.
São tantos os problemas e cada caso é um caso. Mas uma coisa
pode se afirmar: Grande parte ou o todo dos males que levam à prática dos
crimes feitos por menores de idade está na família.
É claro que um pai ou mãe não fica ensinando a vida
criminosa aos filhos, mas os exemplos de desunião que muitos passam levam aos
caminhos tortos. O abandono, o álcool, as brigas de casais, a fome e o
desemprego desestruturam qualquer ambiente, levando crianças ao roubo, assalto,
drogas e à prostituição.
Dizer que a maior fonte dessas sequelas está na distribuição
desigual de rendas desse país é falar o óbvio, mas é ao mesmo tempo uma forma
de lavar um pouco as mãos. Não falar do assunto é não só lavar as mãos como
colocar a consciência de molho e fechar os olhos às crianças que pedem nas
esquinas e aos milhares de meninos e meninas que fogem das escolas por não
terem quem os obrigue a estudar.
Os fatos existem e é preciso encará-los de frente. Só
análises não resolvem o medo de ser assaltado, roubado, invadido, ou quem sabe,
morto. As leis são claras e precisas para preservar o menor de idade. Mas são
quase nada na missão de promover a recuperação de criminosos, independente da
idade.
É preciso que se pense logo em medidas que resolvam a
questão da idade para o crime. Se o
menor tem força para roubar é sinal que é forte o suficiente para assumir a
pena diante da sociedade que ele faz vítima.
Fazer cumprir as leis de hoje já não é suficiente diante do
tamanho da causa. Em algum lugar deve existir uma solução. O que não pode
continuar acontecendo é o cidadão se fechar em grades para não ser vítima de um
perigo que se esconde nas mãos do direito de uma inocência que só existe no
papel. Uma candura maquiada que esconde toda a verdade e os detalhes lapidados
na culpa, conhecida nos exemplos da convivência do submundo que pode estar ao
nosso lado. A falsa inocência, uma utopia legal.
·
Escrevi este texto há quase 15 anos. Estaria
atual se o mundo não tivesse piorado.
·
Por Clóvis
de Almeida 2009/2022
Nenhum comentário:
Postar um comentário