quarta-feira, 27 de julho de 2022

Com “jeitinho” entraremos até no céu

Com tantas propagandas de vestibulares de faculdades neste meio de ano, me ocorreu uma pergunta: será que existe vestibular para entrar no céu? Fico aqui imaginado como seria uma prova de conhecimentos para ter acesso ao paraíso...

Tudo começaria com a inscrição, que provavelmente seria preenchida pela assessoria de São Pedro, o homem que guarda a chave de entrada. Como, presume-se, do outro lado não existe dinheiro, a garantia de participação nas provas poderia ser um número determinado de orações, que se faria de joelhos, ali, na fila. No caso de uma reza mais forte, haveria de troco uma foto do santinho do dia, quem sabe.

Na parte mais difícil, para responder as questões, a alma recém chegada deveria estar com as respostas na ponta da língua. Sem essa de acertar só a metade e já vai entrando. Nada disso! Só valeria cem por cento de acerto, ou como se diz: gabaritar.

As perguntas estariam todas relacionadas à vida do vestibulando e à sua estada aqui na terra. Todas as questões seriam respondidas com apenas duas alternativas, ou seja, sim ou não. Nada que ele não saiba, seria apenas uma questão de lembrar de todos os momentos vividos. Mentir não vale, pois cada prova é individual, em todos os sentidos. Você era bom? Dava esmolas? Matou? Roubava velhinhos? Olhou as pernas da vizinha? Ficava de olho no bumbum do padre? Roubou? Ficou anos sem fazer nada? Votou para o presidente errado? E por aí vai.

Na verdade, se assim fosse, na primeira pergunta o candidato já teria a certeza que seu destino seria o inferno.

Mas tem um porém: se no céu também tiver o jeitinho brasileiro, é melhor não fazer a prova. Depois a gente faz uma redação, uma entrevistazinha, paga a matrícula e pronto, entrada garantida.

Estranho? Não estranhe, é assim em muitas faculdades e com alguns cursos. O sujeito perdeu, ou finge que perdeu o vestibular, faz a tal redação e está dentro do curso, com os mesmos direitos daquele que se matou para não “zerar” em matemática, português ou outra matéria qualquer, daquelas provas que demoraram a tarde toda e muita “ralação”, até serem entregues na esperança de boas notas.

Acho que o vestibular do céu não aceitaria tamanha mamata que deixa de lado o esforço de tanta gente. Talvez seja por isso que, dizem, no céu só tem gente boa.

Sabemos que no vestibular não é certeza de estar na lista dos melhores, pois, “jogar no bicho” também vale e muita gente não precisaria nem de redação para ingressar em um curso universitário, porém, o que talvez alguns não entendam, é essa diferença nos quesitos de entrada. Não seria mais fácil exigir apenas a redação para todos? Ora, se em 30 linhas o candidato se mostra apto a ingressar na academia, o vestibular serve para provar o quê mesmo?

Confesso que não sei. Se tivessem alternativas, quem sabe, eu responderia.

Será que São Pedro aceitaria só uma redação. Como Deus é brasileiro, quero que a entrevista seja com ele, afinal, com o nosso “jeitinho” brasileiro a gente vai longe.

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