Hoje é muito fácil assistir à televisão. São várias as mídias que possibilitam acessos aos canais abertos e pagos. Além do sinal digital das antenas de retransmissores locais, contamos com as parabólicas que nos trazem diversos canais. Pelos sinais pagos e aplicativos comprados ou de graça, temos televisão no celular ou em modernos aparelhos de televisão chamados de smart-tv. Poucas pessoas não têm acesso à televisão.
Mas, quem viveu os anos de colonização do sertão paranaense
sabe o que é não ter televisão ou, no máximo, uma imagem e som chiados,
parecendo uma caixa de abelha. Era cena comum ver pessoas em cima de telhados,
rodando antenas e gritando: “Agora pegou?”. E a resposta vinha de baixo:
“Volta, volta, mais pra direita!”. E nada de pegar nada.
Boa parte colocava a antena da televisão num cano em pé na
beira da janela. Um prego grande espetado num buraco do cano servia de manivela
para girar a antena, enquanto se acompanhava na tela a melhor posição, com
menos chuvisco.
Era o sinal da Televisão Tibagi, canal 11 de Apucarana, que
chegava em Assis Chateaubriand bem fraquinho, depois de passar por outras
repetidoras no meio do caminho.
A nossa repetidora era instalada em Jesuítas, por ser local
mais alto. Meu pai trabalhou na construção da casinha do transmissor.
Em preto e branco, com fantasmas e pontinhos parecendo neve,
era possível assistir à “Buzina do Chacrinha” e as novelas da Globo. Eu gostava
mesmo era dos seriados que passavam nas tardes. Em casa não havia televisão,
mas eu ia no meu tio Afonso Davanzo ou no bar do Luis Rato pra assistir
Ivanhoé, O Túnel do Tempo e Perdidos no Espaço. Havia ainda os jornais da
Tibagi, apresentado por Nelson Baltazar, um locutor vozeirão que balançava a
cabeça conforme formava as frases. Era engraçado.
Em 1975, a Prefeitura de Cascavel construiu uma repetidora
da Globo com uma maior potência. A partir de então, um sinal melhor vinha de
lá, no canal 8, com imagens da TV Cultura de Maringá. Foi então que a Tibagi se
despediu da região oeste.
Nesta época, um grupo formado por empresários e políticos de
Assis mexiam os “pauzinhos” em Brasília para viabilizar uma emissora de rádio
para Assis Chateaubriand. E a conquista veio naquele ano, quando o governo
federal outorgou a Rádio Tupãssi, nome provisório da que seria a Rádio Jornal
AM, três anos mais tarde. Uma conquista que não existe mais, assim como a TV
Piquiri, outra grande luta jogada no lixo. Esse é o fim de tudo o que acaba em
mãos de pessoas que não têm nenhuma afinidade com as conquistas alheias. O comprador de uma vaca de estimação só estimará o
bichinho enquanto ela tiver leite pra dar. Quando as tetas secam, o matadouro é
logo ali. Simples assim.
Por Clóvis de Almeida 2022

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