Trecho do livro "Assis Chateaubriand - eu e a cidade", do jornalista Clóvis de Almeida
No segundo capítulo do meu livro de crônicas sobre a cidade de Assis
Chateaubriand, eu narro a origem do nome do município que completa 56 neste 20
de agosto de 2022.
Em 2010, levei ao Dr. Oscar o livro de Laércio Souto Maior,
"História do município de Assis Chateaubriand". Depois de ler as
partes que eu grafei para que ele comentasse, fez diversas observações. Em um
dos trechos, sobre a as razões de darem o nome de Assis Chateaubriand à cidade,
Souto Maior escreveu: “Oscar Martinez afirma que a homenagem foi por causa da
dedicação do jornalista pelas questões agrícolas e sua grande amizade com ele”.
Martinez corrigiu:
— Nada disso. Nós inventamos uma história para o
Chateaubriand. Dissemos que o povo todo queria homenageá-lo e, numa reunião,
decidiu-se que o nome do município seria em homenagem a ele. E ele acreditou e
aceitou. Mas foi relutante, porque, pela vontade do Velho Capitão, a cidade
levaria o nome do bandeirante Raposo Tavares — confessou Oscar Martinez.
Assim sendo, o nome do município de Assis Chateaubriand
nasceu de uma mentira.
Explorei bastante a origem do nome do município, conversando
com quem deu todos os nomes que temos até hoje: Oscar Martinez.
Em uma entrevista exclusiva, na casa dele, em Curitiba, onde
me recebeu, falamos de tudo e ele não se negou a responder nenhuma pergunta.
Nas quase duas horas de entrevista gravada em vídeo com
Oscar Martinez estão os detalhes da mentira que Dr. Oscar e o jornalista David
Nasser aplicaram no velho Assis Chateaubriand para que ele aceitasse que o nome
dele fosse dado ao município que nascia no sertão paranaense. É que
Chateaubriand não aceito a ideia e sugeriu que a nova cidade levasse o nome do
bandeirante Raposo Tavares. Assim Martinez narrou:
— Eu fiquei amigo do David Nasser, que era um jornalista
conhecidíssimo na época, grande jornalista. E o Assis Chateaubriand havia sido
acometido de um enfarte, um problema cardíaco. O David, numa dessas reuniões,
me disse:
— Que nome você está dando para aquela cidade que está
fundando lá no Paraná?
Eu respondi:
— Olha David, o pessoal já está lá escolhendo nome. Uns já
chamaram de Tupãssi. Estão inventando lá.
O David me perguntou:
— Por que você não dá o nome de Assis Chateaubriand? O
Chateaubriand acabou de ter um problema cardíaco e está indo para os EUA, não
sei se volta e é um grande homem. Escreveu muito sobre a agricultura no Brasil,
sobre o desenvolvimento agrícola, etc. Acho que seria uma justa homenagem.
Eu respondi que estava bem. Então vamos dar o nome de
Chateaubriand para a cidade, disse a ele.
O David sentou-se à máquina de escrever, ‘catando milho’, e
fez uma carta, mais ou menos nos seguintes termos: Embaixador Assis
Chateaubriand, o povo de uma região que se funda no Norte do Paraná, reunido
numa grande assembleia popular, acolheu o seu nome para patrono da cidade de
Assis Chateaubriand. Ele me mandou assinar, eu assinei e a carta foi enviada ao
Chateaubriand — relatou Martinez.
Assim que Dr. Oscar me contou esse “detalhezinho”, eu
perguntei a ele:
— Então era tudo papo furado?
Sem hesitar, e rindo, na ‘lata’ ele confirmou:
— Papo furado... E prosseguiu.
— Eu peguei e assinei a carta. Ele (Nasser) pegou a carta e
levou ao Chateaubriand, que estava embarcando para os EUA.
Daí uns 20 dias, o Chateaubriand voltou, chamou o David e
falou: David, chama aquele espanhol aqui, o Oscar Martinez, que eu quero
conhecer ele — contou Oscar, orgulhoso da história.
Encontro de Oscar com Chateaubriand
Depois de ter aceitado ser o homenageado com seu nome no
Oeste do Paraná, Chateaubriand chamou Oscar Martinez para uma conversa. Ambos
moravam em São Paulo.
Oscar é quem narra o encontro:
— Fui lá na residência dele, chamada de Casa Amarela, quando
ele me perguntou:
— Por que é que você deu o meu nome numa cidade do Paraná?
Eu não conheço aquela região, não fiz nada por aquilo lá. Por que você deu nome
de chateaubriand?
Eu respondi assim:
— Olha doutor Assis, eu dei o nome porque o senhor é um
grande homem, uma figura ilustre no Brasil inteiro. Todo mundo conhece o valor
do seu trabalho, pelo Brasil. Então, eu acho que foi uma coisa muito boa.
Chateaubriand pergunta:
— Por que você não dá o nome de Raposo Tavares?
Eu falei:
— Ah, Raposo Tavares? Lá ninguém sabe quem é Raposo Tavares.
E agora já é tarde, porque o pessoal já adorou o nome de Chateaubriand, não há
jeito de voltar pra trás.
Então, ficou consagrado o nome de Assis Chateaubriand —
complementou o Doutor Oscar.
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