sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Por quê Assis Chateaubriand?

 


Trecho do livro "Assis Chateaubriand - eu e a cidade", do jornalista Clóvis de Almeida

No segundo capítulo do meu livro de crônicas sobre a cidade de Assis Chateaubriand, eu narro a origem do nome do município que completa 56 neste 20 de agosto de 2022.

Em 2010, levei ao Dr. Oscar o livro de Laércio Souto Maior, "História do município de Assis Chateaubriand". Depois de ler as partes que eu grafei para que ele comentasse, fez diversas observações. Em um dos trechos, sobre a as razões de darem o nome de Assis Chateaubriand à cidade, Souto Maior escreveu: “Oscar Martinez afirma que a homenagem foi por causa da dedicação do jornalista pelas questões agrícolas e sua grande amizade com ele”.

Martinez corrigiu:

— Nada disso. Nós inventamos uma história para o Chateaubriand. Dissemos que o povo todo queria homenageá-lo e, numa reunião, decidiu-se que o nome do município seria em homenagem a ele. E ele acreditou e aceitou. Mas foi relutante, porque, pela vontade do Velho Capitão, a cidade levaria o nome do bandeirante Raposo Tavares — confessou Oscar Martinez.

Assim sendo, o nome do município de Assis Chateaubriand nasceu de uma mentira.

Explorei bastante a origem do nome do município, conversando com quem deu todos os nomes que temos até hoje: Oscar Martinez.

Em uma entrevista exclusiva, na casa dele, em Curitiba, onde me recebeu, falamos de tudo e ele não se negou a responder nenhuma pergunta.

Nas quase duas horas de entrevista gravada em vídeo com Oscar Martinez estão os detalhes da mentira que Dr. Oscar e o jornalista David Nasser aplicaram no velho Assis Chateaubriand para que ele aceitasse que o nome dele fosse dado ao município que nascia no sertão paranaense. É que Chateaubriand não aceito a ideia e sugeriu que a nova cidade levasse o nome do bandeirante Raposo Tavares. Assim Martinez narrou:

— Eu fiquei amigo do David Nasser, que era um jornalista conhecidíssimo na época, grande jornalista. E o Assis Chateaubriand havia sido acometido de um enfarte, um problema cardíaco. O David, numa dessas reuniões, me disse:

— Que nome você está dando para aquela cidade que está fundando lá no Paraná?

Eu respondi:

— Olha David, o pessoal já está lá escolhendo nome. Uns já chamaram de Tupãssi. Estão inventando lá.

O David me perguntou:

— Por que você não dá o nome de Assis Chateaubriand? O Chateaubriand acabou de ter um problema cardíaco e está indo para os EUA, não sei se volta e é um grande homem. Escreveu muito sobre a agricultura no Brasil, sobre o desenvolvimento agrícola, etc. Acho que seria uma justa homenagem.

Eu respondi que estava bem. Então vamos dar o nome de Chateaubriand para a cidade, disse a ele.

O David sentou-se à máquina de escrever, ‘catando milho’, e fez uma carta, mais ou menos nos seguintes termos: Embaixador Assis Chateaubriand, o povo de uma região que se funda no Norte do Paraná, reunido numa grande assembleia popular, acolheu o seu nome para patrono da cidade de Assis Chateaubriand. Ele me mandou assinar, eu assinei e a carta foi enviada ao Chateaubriand — relatou Martinez.

Assim que Dr. Oscar me contou esse “detalhezinho”, eu perguntei a ele:

— Então era tudo papo furado?

Sem hesitar, e rindo, na ‘lata’ ele confirmou:

— Papo furado... E prosseguiu.

— Eu peguei e assinei a carta. Ele (Nasser) pegou a carta e levou ao Chateaubriand, que estava embarcando para os EUA.

Daí uns 20 dias, o Chateaubriand voltou, chamou o David e falou: David, chama aquele espanhol aqui, o Oscar Martinez, que eu quero conhecer ele — contou Oscar, orgulhoso da história.

Encontro de Oscar com Chateaubriand

Depois de ter aceitado ser o homenageado com seu nome no Oeste do Paraná, Chateaubriand chamou Oscar Martinez para uma conversa. Ambos moravam em São Paulo.

Oscar é quem narra o encontro:

— Fui lá na residência dele, chamada de Casa Amarela, quando ele me perguntou:

— Por que é que você deu o meu nome numa cidade do Paraná? Eu não conheço aquela região, não fiz nada por aquilo lá. Por que você deu nome de chateaubriand?

Eu respondi assim:

— Olha doutor Assis, eu dei o nome porque o senhor é um grande homem, uma figura ilustre no Brasil inteiro. Todo mundo conhece o valor do seu trabalho, pelo Brasil. Então, eu acho que foi uma coisa muito boa.

Chateaubriand pergunta:

— Por que você não dá o nome de Raposo Tavares?

Eu falei:

— Ah, Raposo Tavares? Lá ninguém sabe quem é Raposo Tavares. E agora já é tarde, porque o pessoal já adorou o nome de Chateaubriand, não há jeito de voltar pra trás.

Então, ficou consagrado o nome de Assis Chateaubriand — complementou o Doutor Oscar.

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terça-feira, 16 de agosto de 2022

Já não se brinca mais como antigamente

 

Vejo como meus netos usam o tempo hoje e tento me imaginar criança como eles em meio a tanta tecnologia que não havia há 50 anos. Eles se levantam ligados na internet. Enquanto um busca o telefone celular da mãe, o outro corre ligar a televisão no Youtube ou Netflix, quando não o vídeo game. Ambos vão atrás de jogos em desenhos animados, onde a violência é o prato principal. Já percebi que personagens cortando a garganta de outro, banhados em sangue, são os preferidos. Têem brinquedos aos montes, mas só os usam quando chegam novos, embrulhados em presentes. Uma novidade que não dura meia hora e já vai para a caixa onde guardam o que já não chama mais a atenção.

E assim vai até na hora de tomar banho para irem à escola. Na volta, tudo se repete: celular ou televisão, ou seja, telas até na hora de dormir, ato que só fazem depois de a mãe perder a paciência e ameaçar com chineladas.

Adoram vir à minha casa, mas sei que é não por minha causa, mas porque os deixo mais à vontade com o controle remoto da tv, ou no computador para assistirem a seus programas preferidos.

Eles não fazem a menor ideia do mundo que vivi, quando criança como eles, aos seis e nove anos de idade.

Lá pelos anos de 1967, até 1972, eu e os meninos da época nos divertíamos com brinquedos que as crianças de hoje nem olhariam. Eu me levantava bem cedo, antes de nascer o sol. Minha mãe já havia feito o café, que me dava junto com uma fatia enorme de pão. Nos dias frios, me sentava na saia fogão à lenha para esperar a hora de ir pra escola.

Voltava perto de meio-dia, varado de fome, pronto pra devorar uma marmitona, que me esperava no forninho quente. Comia correndo, como se estivesse atrasado pra pegar algum ônibus. A razão era uma só: brincar. Cada dia um destino diferente.

Era comum percorrer a mata perto de casa, à procura de arapucas que outros meninos haviam armado para pegar passarinhos. Algumas estavam desarmadas com infelizes pássaros presos, traídos por algumas quireras. Era indescritível o prazer de soltá-los, para em seguida quebrar as armadilhas feitas de ripas ou gravetos de madeira. Bastava uma pisada bem forte para destruí-las. O som das arapucas se quebrando ainda estão nos meus ouvidos como um hino à liberdade. Muitas vezes, fui flagrado pelos donos das armadilhas fazendo tal serviço. Mas nunca me pegaram. A magreza ajudava na fuga, principalmente ao pular troncos caídos.

Certa vez, numa dessas carreiras, me esfreguei todo por sobre um desses troncos, que me obrigara a pular por cima. Escapei, mas quando parei para recuperar o fôlego, percebi que estava todo lambuzado com a merda que algum desgraçado havia feito na árvore caída.

Já em casa, levei umas boas varadas. O mais difícil foi explicar para minha mãe que eu não havia rolado na bosta por diversão.

Se eu contar essa história aos meus netos, tenho certeza que eles vão dizer: Que diversão de merda! Preferimos pular obstáculos no vídeo game.

Pode ser. Mas, mesmo cagado, eu acho que vivi mais feliz, pois tenho história pra contar, nem que seja pra mim mesmo.

 

sábado, 13 de agosto de 2022

Não tenho que ser exemplo de nada

Muitos livros de autoajuda trazem ensaios que nos sugerem os mais variados caminhos do sucesso. Aqueles conselhos que se copiam e vão sendo passados em frente, por autores conhecidos ou principiantes na redação tentando ganhar dinheiro na arte de motivar pessoas.

A maioria não passa de palavras ao vento, pois são apenas constituídas de frases manjadas que só funcionam na teoria, porque a prática não é constituída de sonhos e que, por isso, não tem espaço para sonhadores.
Você pode se perguntar se sonhar é errado. Não, quando se sonha dormindo. Acho que sonhar acordado é um defeito que pode ser corrigido. A palavra certa seria planejar. Sonho é uma névoa, uma foto em preto e branco desfocada, onde as imagens não têm definição. Já o projeto é algo concreto, prático e objetivo, nítido e cheio de detalhes, com medidas, formas, cores e até nomes.
Assim sendo, quando dizem a você para não ter medo de sonhar, não sonhe, faça projetos, defina metas. Se não dar certo, lembre-se: você não tem obrigação de ser exemplo de nada a ser seguido, faça o possível, mas no que estiver ao seu alcance. Não há a menor necessidade de servir de exemplo, além daquilo que o normal já lhe cobra. Não queira ser melhor que outros para não se decepcionar. Se alguém é melhor que você, paciência, que seja.
O mais importante é que você não precisa chorar pelos cantos só porque não passou no vestibular, porque perdeu a vaga de emprego para alguém, a pessoa que você gosta não lhe ama, uma doença não sara, morreu alguém querido ou tudo parece dar errado.
Coisas ruins fazem parte da vida, assim como as coisas boas. Temos mania de contabilizar desgraças, mas nem nos damos conta das graças de poder ouvir os pássaros, olhar o nascer do sol, ou caminhar com as próprias pernas, quando muitos dariam a vida para, pelo menos, poder andar novamente.
Quando se trata da existência, nada pode ser no galope. No ônibus da vida, além do cobrador e do motorista, tudo é passageiro, tudo passa e o que nos ocorre também passa. Podem deixar marcas profundas, podem até arrancar lascas, mas passa.
Os Salmos já explicam que “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. Isso significa que nada é para sempre. Se a alegria acaba, a tristeza também. Levante o rosto e diga: O Senhor é o meu Pastor e não me faltará!
Verás que a resposta vem de Deus e o novo dia que tanto espera finalmente nascerá.
Talvez você esteja pensando: agora o cara viajou na maionese! Não, me modernizei, fiz um “up”, mas sem deixar de ser retrô, vintage, cafona, nerd, talvez um mané fashion. Que tal?

//////// Por Clóvis de Almeida ////////////////
A foto é minha - Lago de chegada do Horto Municipal - 2009

terça-feira, 9 de agosto de 2022

As vozes da cidade no tempo


Em algum canto de minhas lembranças ainda ecoam os anúncios e as músicas nos alto falantes pendurados nos postes ao longo da Avenida Tupãssi, no sotaque dos anos 60, onde a música de viola e a orquestra de Billy Vaughn davam o tom de cada dia, do alvorecer ao fim da tarde, culminando com a tradicional Ave Maria das seis, onde a fé era muito maior que hoje.

Aqueles dias foram o ponto inicial da comunicação em Assis Chateaubriand. Logo veio uma rádio clandestina e o jornal Clarim Chateaubriandense, que mais tarde se transformaria em dois: O Regional e O Jornal.

Os dias se passaram, a rádio pirata fechou e o alto falante dos postes retornou ao auge, até ser fechado com a chegada da Rádio Jornal.

Já era o fim dos anos 70 e o rádio vivia os últimos suspiros do glamour, onde o locutor dava autógrafos e recebia carta com dinheiro no envelope.

O requinte do rádio FM chegou na década seguinte com a Rádio Pitiguara, abrindo caminho na frequência modulada para uma nova emissora que assumiria boa parte da audiência regional. Era a Rádio Vale Verde que chegava sem avisar, mas fazendo um alarde nunca visto, tamanha a aceitação e sucesso que lhe acompanhou desde o primeiro minuto no ar.

Com a necessidade de expansão, em razão da grande audiência, a Vale Verde se instala em Assis, com estúdio, sede, mala e cuia. Assis Chateaubriand mais uma vez receberia a que se intitula Emissora da Família de braços abertos.

Nos quase 50 anos da história de Assis, muitas mídias vieram e se foram. Outras, pequenas, cumprem o papel da comunicação segmentada, seja em periódicos semanais, mensais ou na internet.

Em algum canto ainda ecoa o prefixo de abertura do “serviço de alto falante em gravações variadas”. Não é preciso ouvidos para ouvir. Para quem viveu as vozes da cidade no tempo basta lembrar. 

A música de abertura invadia a cidade deixando tudo mais importante do que realmente era, fazendo-nos prestar atenção nos pássaros, nas pessoas indo ao trabalho, no barulho da hora e nas mães aos berros com o menino atrasado para a aula. O “bom dia” era a certeza de que éramos felizes, mas não sabíamos.

Tudo isso contribuiu para revelar grandes nomes da comunicação, vozes do rádio. Muitos foram para outros endereços distantes e alguns já moram no além. Dos pioneiros do microfone em Assis Chateaubriand, que faziam comunicação antes de 1980, não há nenhum na ativa. Ou se aposentaram, ou morreram.

O universo vai ecoar pela eternidade os sons dos postes, mantendo para sempre as razões, alegrias ou tristezas de um povo que respirava dias melhores, na esperança de um dia viver melhor na cidade que plantaram. 

“Com esse prefixo musical encerramos os trabalhos de hoje para voltar amanhã”, dizia o locutor, empostando a voz num microfone antigo, avisando a gente que o dia terminara. Era um misto de tristeza em ver o sol ir embora com a alegria de saber que no dia seguinte a música do poste nos alegraria com o alvorecer de mais uma manhã.

 

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

A ganância que gera o lucro


Nos anos de 1970 e 1980, tornou-se comum o recebimento de cartas com uma proposta de ganhar dinheiro fácil por meio de uma lista onde o destinatário deveria incluir seu nome e enviar para outras cinco pessoas, além de responder ao remetente um envelope contendo cinco ou dez reais, conforme a proposta recebida. Era a corrente chamada Pirâmide que se alastrava pelo País utilizando os Correios.

De lá pra cá, só se fez multiplicar esse meio considerado ilícito pelas leis do Brasil. Hoje, com a facilidade da internet, há centenas de correntes que correm a rede mundial em busca de pessoas que, desinformadas, entram no circuito achando que vão ficar ricas em poucos meses. E não é só pela internet, há ainda outras pirâmides que se escondem atrás de nomes de empresas, comercializando produtos, mas que na verdade centralizam suas ações no pagamento da inscrição, sob a promessa de ampliar os ganhos financeiros de quem compra. Puro engano, pois está mais que provado que as correntes sempre quebram e a maior parte da lista quebra junto. Tudo isso são armadilhas para atrair quem busca o lucro rápido.
No início dos anos 80, uma famosa empresa que entrou forte no Brasil nesse tipo de negócio conseguiu em pouco tempo amealhar milhares de pessoas, numa corrente que parecia a solução de todos os problemas financeiros. A promessa era de ganhar rios de dinheiro fácil. Faziam cursos e aplicavam os truques da auto ajuda, que se utiliza de meios de fixação de desejos. Quase todos os adeptos desse negócio colavam no espelho do banheiro ou da penteadeira, fotos de carros importados, mansões e até mesmo de iates caríssimos, levados pelos "instrutores" da pirâmide a acreditar que o simples ato de mirar o "objetivo" todos os dias, levaria à concretização do desejo.
Ficou nisso. As fotos envelheceram, os desejos não se realizaram e apenas uns poucos ficaram ricos: os cabeças da pirâmide que sumiu do mapa.
Esse golpe que já existe há mais de um século sempre ressurge de várias maneiras. É preciso estar atento para não cair na tentação do dinheiro fácil.
"Constitui crime contra a economia popular, punível com 6 meses a 2 anos de detenção, obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos (bola de neve, cadeias, pichardismo e quaisquer outros equivalentes)", diz a Lei brasileira.
Bem afirma o ditado que otário ralei mas não acaba. Lá pelos anos 70, um conceituado lojista da cidade procurou a polícia para denunciar que havia sido enganado por desconhecidos que lhe venderam uma máquina de fazer dinheiro. Só não foi preso por ser amigo do delegado. Volta e meia tem alguém procurando os homens da Lei para denunciar o velho golpe do bilhete premiado. É a ganância que se sobrepõe às leis.
Enquanto existirem gananciosos, ingênuos ou mesmo otários, os golpes vão funcionar. É pela boca que morre o peixe. O "olho maior que a barriga" e a vontade irresistível de levar vantagem em tudo, como a antiga "lei de Gérson", já fez muita gente perder até as calças.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Mais um passinho pra trás!


Trago hoje um recorte muito interessante publicado em uma edição do jornal ‘O Clarim Chateaubriandense’, de março de 1974. É a publicação dos horários de ônibus que a Viação Umuarama mantinha naquela época. A quantidade de veículos que partia de Assis Chateaubriand para outros destinos justificava os mais de 140 mil habitantes que o município possuía. Você pode até não acreditar, mas, só a Viação Umuarama mantinha mais de 50 horários diários de ônibus (havia ainda os da Expresso Nordeste, com quase o mesmo tanto de partidas).

A cada 20 minutos partia um ônibus para distritos e municípios vizinhos ou distantes, se iniciando às 6 horas da manhã e fechando o dia às 23 horas, com a última partida.

Na lista de horários publicada no jornal, figuram os destinos dos ônibus com seus respectivos horários, deixando transparecer o grande movimento que ligava o comércio de Assis Chateaubriand com o interior do município e outras localidades, como Cascavel, Umuarama, Palotina, Alto Piquiri, Terra Roxa, Guaíra, Iporã e Toledo, onde distritos e patrimônios listam também. Palmitolândia, Cidade JS (assim era chamado), Via Cruz do Sul, Brasilândia (ainda distrito de Umuarama), Bucalão, Ouro Preto, Ouro Verde, Tupãssi, Via Pimenta, Ramal Luar, Ramal 247, São Pedro, Bragantina, Linha Seca, Cidade Nice e Ercilândia.

Os distritos de Encantado do Oeste, Terra Nova e Engenheiro Azaury não eram atendidos pela Viação Umuarama, mas pela Expresso Nordeste, assim como o município de Nova Aurora, Cafelândia, Formosa do Oeste e os então distritos de Jesuítas e Iracema do Oeste.

A cidade era um formigueiro de gente que se apinhava para tomar os ônibus na rodoviária e nos diversos pontos de parada. Um movimento que fazia girar muito dinheiro, que começava nos bares de chegada com a venda de salgados, frutas e bebidas. Nos horários de partidas eram a mesma coisa.

Gente com pacotes de roupas, sacos com mantimentos e toda sorte de compras feitas nas lojas da cidade.

Era muito comum viajar nos ônibus ao lado de gente carregando litros de leite, potes de manteiga, sacos com linguiça, mandioca ou milho verde. Eram produtos da roça que seriam vendidos na cidade. Alguns traziam até porcos e galinhas já limpos.

Uma das coisas que mais me chamava a atenção era o alicate do cobrador que perfurava as passagens. Não sei porque, mas eu sempre quis ter uma daqueles.

Os ônibus eram chamados de pinga-pinga, por causa das centenas de paradas que faziam para subir e descer gente. A cada vez que o ônibus ia freando para subir ou apear um passageiro, a poeira que se fazia atrás penetrava pelas janelas, entupindo todos com um canudo da terra vermelha. A gente descia parecendo um tatu, de tão sujo que ficava durante a viagem.

Era um povo feliz que não se incomodava em viajar em pé nas jardineiras lotadas e nem com aperto que se fazia entre passageiros. “Mais um passinho pra trás!”, dizia o cobrador quando ia subir mais um. Como, se já não havia mais o que apertar?

E assim iam os ônibus que traziam e levavam pessoas e suas esperanças nos caminhos poeirentos do sertão paranaense.

Ao contrário da frase famosa que afirma que a gente era feliz e não sabia, eu garanto que eu era feliz e tinha conhecimento disso.

 

//// Por Clóvis de Almeida, 2022 ////

Caminhada na esteira x caminhada ao ar livre: qual é a melhor?

Para renovar as energias e jogar para longe o estresse da vida agitada na cidade, nada como uma boa caminhada na esteira, certo? Ajuda a emagrecer, fortalece a musculatura e ainda melhora a oxigenação nas células.

Bem… Pode até ser uma possibilidade, certo? Mas, pode ser também que haja uma forma ainda melhor de ganhar qualidade de vida fazendo, basicamente, o mesmo exercício: a caminhada ao ar livre.

Hoje, não há dúvidas sobre os benefícios da natureza sobre a saúde física e mental. Então, porque não unir a paz de espírito trazida pelo verde com os benefícios do exercício físico?

Se você ainda está em dúvida, nada melhor do que conhecer bem as diferenças entre a caminhada na esteira e a caminhada ao ar livre e fazer a sua escolha!

Caminhada na esteira: saída para quem vive na selva de pedra

Para quem vive no caos urbano, a ida à academia, muitas vezes, é a única opção. Ou seja, um momento longe da rotina de casa, das preocupações do trabalho e das demandas dos filhos.

Por outro lado, tem música, pessoas reunidas em torno de um objetivo em comum, uma chance de sociabilização. E quando a esteira fica em casa essa pode ser a hora de assistir o programa favorito.

Uma vantagem da caminhada na esteira é que a maioria dos equipamentos permite que você controle batimentos cardíacos, perda de calorias, velocidade, distância e tempo.

Há ainda programas que simulam subidas e descidas, com controle do ângulo de inclinação. E tem ainda o sistema de amortecimento da máquina, que reduz o impacto nos joelhos.

Mas cuidado, porque isso não é o suficiente para afastar o risco de lesões. Para os especialistas, o uso excessivo e a repetição sem variações da caminhada na esteira podem até aumentar a incidência de lesões.

Por outro lado, como o ambiente é fechado com ar-condicionado, o clima tende a ser sempre o mesmo, sem diferenças climáticas. Não há vento, chuva ou sol. Mas, se para alguns isso é um conforto, para outros, nem tanto.

Cenário estático pode não ser vantagem

Para os estudiosos, o cenário estático da caminhada na esteira não é uma vantagem.

Mais ou menos, como na rodinha do hamster, essa falta de incentivos externos, além de seus próprios objetivos, tende a resultar na perda do foco.

É a distração no papo em excesso com o colega na esteira ao lado, a repetição excessiva de movimentos, aquela paradinha para a selfie com a galera da academia.

Por outro lado, os especialistas afirmam que na caminhada na esteira a velocidade é superestimada. Ou seja, você sempre tem a sensação de estar andando mais rápido do que realmente está.

Para os cientistas da Universidade Nacional de Cingapura isso acontece porque há uma distorção das informações visuais resultantes da discrepância entre o que foi observado e o fluxo ótico esperado.

Em outras palavras, você não vê o que o cérebro naturalmente espera em uma caminhada, o que acaba distorcendo a noção de velocidade.

Vantagens da caminhada ao ar livre

Apesar de os benefícios para a saúde física serem praticamente os mesmos, na prática, a caminhada ao ar livre é quase que o oposto da caminhada na esteira.

Até pela praticidade, já que basta um tênis adequado para começar a caminhar, no cenário que você escolher. E qualquer pessoa pode praticar, de qualquer idade e sexo. É ótima, por exemplo, para reunir a família em torno de um hábito saudável nos finais de semana.

O próprio ar livre, aliás, é outra vantagem. Todos os estímulos externos trazidos pela natureza ao seu redor tendem a melhorar sua performance e também os resultados.

As superfícies desiguais e até inesperadas fazem com que você esteja superando desafios constantemente, o que ajuda a reforçar ligamentos, melhora o senso de equilíbrio e ainda a ativar uma variedade maior de músculos do que na caminhada na esteira.

Encarar as variações de terreno, por exemplo, é mais eficiente do que a programação da máquina. Subidas, descidas, curvas e todos os obstáculos encontrados exigem mais do seu corpo, que chega a gastar 15% a mais de calorias do que na caminhada na esteira.

Perda de peso é otimizada ao ar livre

Sim, visto por esse ângulo, as caminhadas ao ar livre tendem a emagrecer mais do que a caminhada na esteira. Lembre-se que, de modo geral, a caminhada pode queimar de 200 a 400 calorias por hora, dependendo do seu condicionamento físico e do seu peso.

Para quem mora ou tem casa de veraneio em um loteamento fechado, a caminhada ao ar livre no asfalto também é mais eficiente.

Segundo os especialistas, a tendência é caminhar inclinando o corpo para a frente, o que acaba trabalhando mais as regiões da panturrilha, coxas e glúteos.

O interessante é que até a variação do vento faz diferença, já que funciona como um agente de resistência a ser vencido. Assim, potencializando a caminhada ao ar livre.

Reforço para a memória e a criatividade

Vários estudos mostram que os benefícios da caminhada ao ar livre vão bem mais além do que os proporcionados pela caminhada na esteira.

Na Universidade de Kansas (EUA), psicólogos conduzira um estudo comparativo de caminhadas em meio à natureza totalmente livres de tecnologia.

O resultado mostrou que os participantes tiveram o desempenho 50% melhor em tarefas de resolução de problemas complexos do que o grupo que não participou da caminhada ao ar livre.

Os cientistas da universidade, aliás, vão ainda mais longe: segundo eles, caminhadas frequentes e em ritmo acelerado podem reduzir o ritmo de perda da memória em pacientes em estágios iniciais de Alzheimer.

Já na Holanda, pesquisadores da Universidade Maastricht descobriram que caminhar ao ar livre aumenta o volume do hipocampo. Essa parte do cérebro é associada à memória espacial e episódica nas mulheres, principalmente, depois dos 70 anos.

Para eles, isso significa que a caminhada ao ar livre melhora e previne a perda de memória, além de aumentar a autoestima e reduzir o estresse e a ansiedade. Especialmente no público feminino, que passa a contar com um potente aliado contra os efeitos da passagem do tempo na memória.

Mais bem-estar e sensação de paz e tranquilidade

Quanto mais natureza, melhor a caminhada ao ar livre. E isso não é só uma questão de opinião dos adeptos da modalidade.

Estudiosos da Universidade de Exeter (Reino Unido) também chegaram a essa conclusão, depois de analisar uma grande variedade e quantidade de pesquisas ao redor do mundo.

O resultado foi que na caminhada ao ar livre, especialmente, em locais de natureza exuberante, os sentimentos de envolvimento positivo, revitalização e aumento de energia são potencializados. Além disso, ao mesmo tempo, em que são reduzidos os de raiva, depressão, estresse e tristeza.

Por fim, ao contrário da caminhada na esteira, na caminhada ao ar livre há exposição aos raios solares, essencial para a produção da Vitamina D.

A falta dessa vitamina pode causar aumento de peso, enfraquecimento do sistema imunológico, problemas de pressão arterial e perda de força muscular.

Para quem passa a semana toda na cidade, mas tem casa de veraneio em meio à natureza, a combinação da caminhada na esteira com a caminhada ao ar livre pode ser a receita perfeita para investir na sua qualidade de vida e longevidade.

Agora que você já conhece as vantagens da caminhada ao ar livre, descubra os cuidados que você deve ter para aproveitar ao máximo os exercícios!

Do blogcavalinno   _   https://loteamentocavalinno.com.br/blog/2020/01/06/caminhada-na-esteira-x-caminhada-ao-ar-livre/#:~:text=Perda%20de%20peso%20%C3%A9%20otimizada,f%C3%ADsico%20e%20do%20seu%20peso